segunda-feira, 15 de outubro de 2012

"Filhos de pais separados? Xiiiiiiiii....."

Esse post pode até ser um pouco auto referente, mas acho que se alguém pode falar de divórcio + filhos, sou eu. Eu, que vi a separação dos meus pais aos 12 anos e que me separei com uma filha de 1 ano aos 33 anos.
Apesar de cada vez mais comum, as crianças com pais separados ainda podem ser estigmatizadas como "problemáticas" e de terem mau rendimento escolar. Será?
A resposta que eu posso dar a vocês é que crianças com lares disfuncionais realmente tem mais chance de apresentarem dificuldades tanto na escola quanto afetivas (relações de amizades, familiares, etc) e se passarem por um divórcio tumultuado, certamente terão muitas dificuldades.
Então, uma vez que o divórcio e inevitável, se "destruírmos" um lar disfuncional e criarmos 2 lares harmoniosos para a criança, a dor pode ser amenizada e as feridas se fecham sem cicatrizes profundas.
Como fazer isso?
Segue uma listinha de "dos" e don'ts" que parece óbvia, mas ajuda muito:
1) Não brigue em frente das crianças: pesquisas mostram que nada pior para uma criança do que os pais brigando na frente delas... por isso, não gritem,  não se agridam, não discutam.
2) De livre acesso ao pai e a mãe: retirar, proibir ou dificultar o acesso ao pai ou a mãe é muito ruim para as crianças. engula o sapo porque ele é seu para engolir, e deixe o acesso livre.
3) Não as faca escolherem: não deixe a criança entender que só e possível amar um dos pais, isso e uma coisa terrível pra se fazer.
4) Não faca confidências para as crianças: fofocar sobre o pai ou a mãe para a criança é inapropriado, deixe sua batalha legal longe dos seus filhos.
5) Não use as crianças como arma: ficar achando pequenas falhas no outro e em como cuidam de seus filhos, salvo raras exceções, para mostrar que você é melhor e inútil... gaste seu tempo e energia com o que importa.
6) Pense no que e justo para as crianças, e não para você!
Nos casos de divórcios litigiosos, muito cuidado! Não entenda como uma possibilidade de consertar uma injustiça, cuidado com as brigas por bens e dinheiro e nunca impossibilite o acesso do pai ou da mãe as crianças.
Seu casamento não deu certo? Ok, não é exclusividade sua, afinal quase metade dos casamentos acabam. Vocês estão magoados? Ok, vai passar!
O que não é Ok, é fazer do divórcio um campo de batalha onde seus filhos ficam no meio, expostos e absolutamente vulneráveis.
E se serve de incentivo: as crianças com pais divorciados de maneira harmoniosa (dentro do possível, afinal se fosse tao harmonioso o casamento continuaria firme :)) tem praticamente a mesma porcentagem de baixo rendimento escolar do que os com pais casados.
A família que foi constituída quando vocês decidiram ter filhos sempre vai existir, um pouco diferente, mas sempre!




3 comentários:

Paula Bicudo disse...

Lú, também sou filha de pais separados que se separaram (quase) numa boa e mantiveram um bom relacionamento pós separação. Lembro da gente conversar sobre isso na Faculdade, que havia poucos alunos na nossa turma da FMUSP com pais separados, mas acredito que se há preservação dos filhos, eles "funcionam intelectualmente" como qualquer outra criança.

Dra. Lu disse...

Paula, viemos de uma geração diferente, mas ainda existem tabus a serem quebrados. Manter um casamento para preservar os filhos (se a coisa está feia mesmo) é muito mais nocivo do que uma separação. Fico muito feliz de ter exemplos de pais e mães que se separaram de maneira muito correta aqui no meu consultório. Escrevi o post porque muitas famílias ainda têm essa preocupação.

Unknown disse...

Dra, meus pais se separaram quando eu tinha 2 anos de idade, desde então venho empurrando um relacionamento superficial com meu pai. Hoje tenho 30 anos, decidi me afastar de relacionamentos superficiais (inclusive dele) mas tem horas que não consigo lidar com a situação. Este caminho que escolhi, tem me deixado melhor, tenho sofrido menos, mas não sei se este seria o caminho correto a seguir. Por um lado, penso que posso estar perdendo a oportunidade de me relacionar com ele e por outro, estou me sentindo mais feliz, e menos refém dessa situação e suas consequências. Sei que não existe uma fórmula, mas o que seria o mais correto a se fazer? Por exemplo, às vezes entro no bate-papo na internet e vejo ele online. Nem um, nem o outro toma iniciativa de se falar. Acho ruim essa situação, por mais que eu não concorde com as suas atitudes, eu honro ele como meu pai, não posso simplesmente fingir que ele não existe. Como devo proceder? Já procurei textos, livros na internet de autoajuda, entendi um pouco, mas ainda não foi suficiente. Se você puder me dar uma luz, ficaria muito grato. Preciso resolver melhor a minha vida, um abraço!